Divagações de uma terça chuvosa
Hoje o despertador tocou às 6h,
supostamente eu teria que obedecê-lo, me levantar, vestir a roupa de ginástica,
o tênis e partir para o parque. Não se iludam, minha motivação para isso é mais afastar
as dores nas costas que surgem pelos dias parados (e anos vividos) do que participar de
alguma maratona. Se bem que, caso eu tenha vontade, também me
inscrevo na maratona.
Voltando ao assunto, o
despertador tocou, me bateu aquele mau humor dos dias em que preciso acordar
com esse aparelho chato a me perturbar. Existe situação mais inconveniente do
que alguém ou algo interrompendo seu sono, a dizer que é hora de partir para a
vida real?!
Pois bem, como símbolo de uma
pequena rebeldia matinal, continuei na cama. Logo detectei aquela melancolia
que às vezes aparece nos dias de chuva, porque lá fora São
Pedro se encarregava de molhar o asfalto. Fiquei um tempo por ali,
observando-me, realizei que não conseguiria resolver meu estado de espírito
ou a dor nas costas, então calquei os pés no chão e fui cuidar das tarefas do dia.
Às vezes a vida é um pouco
inconveniente, não acham? Não estamos preparados para levantar, encarar os
incontáveis afazeres do dia, e mesmo assim não há como evitar ou parar o
tempo. Levante da cama e siga, essa é a única opção, pelo menos a minha. Lá fui eu.
Peguei a bike suja, porque não a usava há mais de 1 mês. Pedalei até o parque com aquelas gotas grossas a molhar
meu moletom. Como eu suspeitava desde o princípio, correr entre as árvores, com o piso molhado, fez ressurgir em mim a vontade de começar de novo. A chuva traz
melancolia, mas também renascimento.
Assim, voltei para tudo que
aguardava ser solucionado.
Talvez o feriado também tenha contribuído
para esse estado de ânimo. Primeiro que eu nunca vi, em toda a minha existência
de 31 aninhos, um dia de finados com sol. Por favor, alguém me diga se em algum
lugar desse meu Brasilllll apareceu um solzinho ontem? Por onde andei só circularam
nuvens e gotas d'água.
Sem contar o trânsito para voltar
para casa. Ôh papo chato de quem mora em São Paulo! A competição inacabável de
quantas horas é possível desperdiçar dentro do carro a se fazer nada, na fila quilométrica
de automóveis que se estendem na sua frente. Desanimador.
Ah, não vamos desanimar não,
vai?! Vou mudar de assunto, pronto.
Gente, estou lendo um livro revolucionário, pelo menos para mim. Na verdade é o segundo dessa espécie "muda-a-cabeça-da-gente” que me deparo este ano. O primeiro foi um de física
quântica, “O Ativista Quântico” de Amit Goswami, em outra oportunidade falarei dele. Vou me manter no atual.
O atual é “Um amor conquistado –
O Mito do Amor Materno” de Elisabeth Badinter, uma filosofa francesa. Antes que pensam “que raios de livro é esse que a Beliza está lendo?”.
Explico. A Elisabeth fez uma extensa pesquisa sobre os hábitos das mães durante
longos séculos e de como a imagem da criança se alterou para a que temos
hoje, o que, consequentemente, contribui para a mudança do significado da maternidade.
Vocês sabiam, por exemplo, que
Santo Agostinho acreditava que a criança era o símbolo do pecado original,
portanto, era uma representação do mal, que devia ser combatido com uma edução rígida e praticamente desprovida de amor?!
Pois é minha gente, tantos conceitos novos nesse livro que me deixam até um pouco perdida sobre o que eu realmente sou ou o que a sociedade faz de mim, enquanto penso ser livre.
Pois é minha gente, tantos conceitos novos nesse livro que me deixam até um pouco perdida sobre o que eu realmente sou ou o que a sociedade faz de mim, enquanto penso ser livre.
Ah, acho importante mencionar como soube dessa escritora/filosofa. Há algumas semanas comecei a
participar de um fórum on line só com
mulheres (comum.vc), não é sensacional?! Lá a mulherada solta o verbo à
vontade, são “pra frente”, gente que questiona mesmo, não importa o quê, nem
que seja a maternidade, a moda ou os relacionamentos.
Caso você se encaixe mais no perfil
reacionária, nem ouse se aventurar por esse fórum, será um choque com tanta
mulherada atrevida.
Aliás, como influência do livro,
passei o fim de semana matutando sobre um texto para cá a respeito da maternidade. Ai eu já começo com aquelas ideias meio “doidas” que só eu tenho e nasce o medo de causar polêmica ou o pessoal não gostar.
Nesse mesmo instante me
questiono: ué, eu escrevo para agradar ou para expandir esses pensamentos que circulam por mim?! Se eu fosse ser bem sincera, sincera mesmo, diria que agradar é algo que me seduz, e como. Mas voltando para a essência deste
blog, me apego à segunda resposta. Seja ela qual for, preparem-se, em breve
teremos textos sobre maternidade.
Agora, almoço e voltar ao
trabalho, porque a vida não tá ganha não!
Beijossss!!!
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