Labirinto do mundo
Hoje é um dia difícil de
escrever. Quando eu me propus a fazer o blog tive a intenção de difundir a
reflexão nas pessoas, que cada um conseguisse olhar um pouco para si, por dois
minutos, depois de ler um texto pelas terças, e seguir com algo novo no peito.
Mas como me manter na escrita
reflexiva numa semana que nos apedreja com fatos e constatações tão cruéis? Como
encarar o outro nos olhos com a lama que destrói Minas Gerais, deixa uma
população sem água e extingue um rio inteiro? Como acreditar que a desolação
tem apenas o tamanho de Paris e não da Síria, da Nigéria, do Afeganistão, do
Brasil.
Eu por aqui, no sofá confortável,
bebendo um café, ao lado do marido que amo, me questionando, qual a minha
parcela de responsabilidade em tudo isso? De que modo agir para transformar um
pouco que seja em algo mais digno e respeitoso?
Será que se eu alterar a forma de
me relacionar com a minha funcionária, ela se sentirá uma pessoa melhor e isso
refletirá na sua família? Doações de água para Mariana? Libertar-me dos
preconceitos? Alguém me diga pra onde ir neste mar de coisas a fazer, não
posso me manter inerte, omissa, ineficaz.
Porque do alto do nosso pedestal
de bondade, quando apontamos nossos dedos para a maldade alheia, nos abstemos
completamente de curar o terror que nos habita.
Não acredito que as
tragédias partam sempre das grandes proporções, elas nascem no indivíduo
abandonado, naquele que esquecemos de acolher, o que será feito por alguém,
alguém que usa a angústia do outro para
gerar desolação.
Talvez o meu texto não te
conforme, porque ele também não faz isso por mim, ele me incomoda,
demasiadamente. Hoje eu não consigo trazer nenhum alento para a sua terça,
estou perdida no labirinto do mundo, procurando o caminho para um lugar melhor.
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