terça-feira, 17 de novembro de 2015

Labirinto do mundo

Hoje é um dia difícil de escrever. Quando eu me propus a fazer o blog tive a intenção de difundir a reflexão nas pessoas, que cada um conseguisse olhar um pouco para si, por dois minutos, depois de ler um texto pelas terças, e seguir com algo novo no peito.

Mas como me manter na escrita reflexiva numa semana que nos apedreja com fatos e constatações tão cruéis? Como encarar o outro nos olhos com a lama que destrói Minas Gerais, deixa uma população sem água e extingue um rio inteiro? Como acreditar que a desolação tem apenas o tamanho de Paris e não da Síria, da Nigéria, do Afeganistão, do Brasil.

Eu por aqui, no sofá confortável, bebendo um café, ao lado do marido que amo, me questionando, qual a minha parcela de responsabilidade em tudo isso? De que modo agir para transformar um pouco que seja em algo mais digno e respeitoso?

Será que se eu alterar a forma de me relacionar com a minha funcionária, ela se sentirá uma pessoa melhor e isso refletirá na sua família? Doações de água para Mariana? Libertar-me dos preconceitos? Alguém me diga pra onde ir neste mar de coisas a fazer, não posso me manter inerte, omissa, ineficaz.

Porque do alto do nosso pedestal de bondade, quando apontamos nossos dedos para a maldade alheia, nos abstemos completamente de curar o terror que nos habita. 

Não acredito que as tragédias partam sempre das grandes proporções, elas nascem no indivíduo abandonado, naquele que esquecemos de acolher, o que será feito por alguém, alguém que usa a angústia do outro para gerar desolação.

Talvez o meu texto não te conforme, porque ele também não faz isso por mim, ele me incomoda, demasiadamente. Hoje eu não consigo trazer nenhum alento para a sua terça, estou perdida no labirinto do mundo, procurando o caminho para um lugar melhor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário