terça-feira, 1 de dezembro de 2015

A primavera das nossas amizades

Ainda que paire pelo ar um leve zunido de que não há amizade verdadeira entre o sexo feminino, em nossa pele sentimos algo bem diferente e a experiência tem a incrível capacidade de superar a teoria. Então espalho ao mundo que tenho amigas, de verdade, de coração, da vida.

Porque talvez a gente não corra as ruas com um megafone lardeando os pequenos e inúmeros gestos que inundam essa relação essencial para qualquer mulher. Talvez a gente divulgue a poucos os belos feitos que nossas amigas praticam por nós. Tudo isso porque aprendemos aqui e acolá que a felicidade é um tesouro precioso que deve ser guardado pelo silêncio.

Mas hoje irei quebrar a mudez que nos cala para espalhar que somos amigas, daquelas firmes, que não há inveja em nossa relação e sim compaixão, olhar que entende, abraço que acolhe, sorriso que convence.

Fundamental foi e é a amiga a nos colocar no colo, ceder seus ouvidos e conselhos no dia em que descobrimos que nosso amor não nos quer mais. Como se isso não bastasse, ela nos faz companhia por incontáveis dias, até que se convença que estamos aptas a respirar sozinhas a dor que invadiu o peito.

A amiga que nos dá carona para o trabalho, para a faculdade, para a balada e com ela desfrutamos de longas conversas, divagações vãs sobre o cotidiano que nos cerca. A filosofia do dia-a-dia, papos inacabáveis que seriam temas de livros, os quais guardamos com ternura no íntimo das nossas recordações.

Aquela que te acompanha para o show ou happy hour de última hora sem qualquer exigência que não seja a diversão.

Que te traz flores e um sorriso de conforto no dia em que sua família se parte. Te abraça com imensurável gentileza e de repente o ar é tomado pela doçura que há nos seus olhos. Minutos preciosos de calmaria em dias de mares agitados.

As que dividem as refeições contigo de segunda a sexta e ainda assim convidam para o almoço de domingo com a família, no dia das mães, dia dos pais e páscoa. Sabem que sua família original está distante, então oferecem as delas próprias, dividem o indivisível e de um momento para o outro você começa a fazer parte de um novo núcleo.

A que te salva depois das 18h, ajuda com o trabalho de última hora e as duas partem fazendo piada e rindo pelos corredores dos escritórios frios e inóspitos, aliviadas pelas longas horas do jantar que não desperdiçaram em frente ao computador.

As mensagens no celular com fotos, acompanhadas do delicioso “lembrei de você e quis compartilhar”. Os vestidos, casacos, sapatos e bolsas que emprestamos sem pestanejar. As declarações sinceras de saudade e de amor.

Amizades que nós mulheres carregamos por anos, ainda que os caminhos se distanciem.

Só posso concluir que muitos estavam equivocados, existe sim amizade entre nós, não é, minha amiga?! Nosso amor vai além de qualquer senso comum ultrapassado a respeito dessa relação pura.

Minha imensa gratidão a cada uma de vocês, essenciais para que eu enfrente esse caminho tortuoso, e por vezes doloroso, que a vida pode ser. Que também sabem rir com sinceridade das alegrias e pular com minhas conquistas. Nossa primavera não é de hoje, é de sempre.

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