Diário da última viagem
Passei alguns dias lá pelos lados
no fim do mundo. Aquele pedacinho estreito de terra ao sul do mapa da América:
Patagônia Chilena. Mas naquela terra não há nada de pequeno e estreito.
Tudo é grande, imenso, superlativo.
A começar pela natureza intocável
da região, na qual fica minha sincera admiração pela capacidade do povo chileno
em conviver de modo tão harmonioso com suas riquezas. Eu agradeço, os viajantes
agradecem e a natureza retribui.
E que retribuição! Picos
nevados que mais parecerem perfeitos desenhos dos mais belos sonhos. Lagos de
um azul esverdeado que poucas tintas e pintores seriam capazes de reproduzir
com tamanha vivacidade.
Animais soltos pela estrada, nos
lembrando quem eram realmente os visitantes, nós, humanos que desejamos
compartilhar um pouco das maravilhas que circundam o mundo.
Córregos translúcidos, que se não
fosse o vento que congelava meus ossos, me entregaria a um banho para purificar
a alma.
A neve que caia do céu tal como
nas minhas brincadeiras infantis, como flocos de isopor a enfeitar os
pinheiros.
Precipícios e vales encantados
pelas pedras, pelo verde, pela água que espelha o que há ao redor. Bosques
com seus tons marrons das árvores debruçadas sobre o solo, a nos recordar que
num momento estamos aqui e noutro não mais.
Geleiras que colocam medo e fazem
nossos olhos ficarem extasiados pela sua força e magnitude.
Campos dourados pelo sol que
contrastam com o azul que se espalha pelo céu.
E lá no alto, as Torres Del
Paine. Quando alcancei sua base, só soube definir como sendo os dedos de Deus.
Sim, porque Sua grandiosidade é tão presente que se torna inquestionável. A
força que empregou a natureza tira o fôlego de qualquer cético que ainda duvide
da Sua existência.
E a vida pede passagem pelos
inúmeros andarilhos que deixam marcas de seus passos pelo barro e pela neve, a
que nos indicar um novo caminho, um novo olhar, uma nova experiência.
Meu coração se expande, se
engrandece. Gratidão.
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