O medo
O medo de levantar para dançar e
parecer ridículo, o medo de encarar a terapia, o medo de ser diferente e
incompreendido, o medo de declarar “eu te amo” e não ser correspondido. O medo.
Quantas vezes me senti
literalmente paralisada pelo medo, uma inércia que gelava meus ossos. Quantas
vezes não agi pela incerteza quase certa que esse sentimento me causava. Inúmeras
vezes, perdi a conta.
Esses dias li uma das melhores
definições sobre esse sentimento, em alguns dos textos da Paula Abreu: o medo é
uma viagem no tempo. Porque ora estamos paralisados pela memória de uma situação
passada e não agimos com receio de que ela se repita, ora pela ideia das
possíveis consequências no futuro. Ou seja, raramente o medo está fincado no agora.
E isso é tudo obra da nossa
magnifica mente que tem a capacidade de criar mundos paralelos tão reais, que
sequer nos damos ao trabalho de questionar a sua verdadeira existência.
Por vezes nos deparamos com o
discurso insistente que prega a vivência no dia de hoje, na hora de agora, no
minuto que dá voltas no relógio neste instante, um papo às vezes sem sentido em
tempos ansiosos.
Você tenta exercitar o carpe diem antes de entendê-lo. Mas a
sua compreensão é singela: quanto mais presentes nós estamos, mais conseguimos
desenvolver a capacidade de olhar para esses mundos mentais paralelos, entender
a sua “psico-criação” e desfazê-los. Consequentemente nossa mente retorna ao
que realmente existe, o agora.
Assim as experiências negativas do passado
ganham menor importância, eis que já se foram, e o futuro poderá ser criado
livremente, sem expectativas.
Não que o medo irá magicamente embora.
Ele continuará lá, te encarando com olhos inquisitivos, pedindo atenção e
inércia, mas você será capaz de estufar o peito e dizer: “medo, fica por ai quietinho
enquanto eu dou uma volta pelo mundo, para tomar o que me pertence”.
De repente você levanta para
dançar e entende que todo mundo é um pouco cômico quando balança os quadris. Encara
a terapia e acalma os monstros que permaneceram turbulentos por anos em você. Assume
sua diferença e cessa o esforço inútil e desnecessário em tentar ser igual,
afinal, o mundo seria uma chatice sem fim caso todos fossemos idênticos. Declara
“eu te amo” encantando-se com a beleza de liberar esse sentimento e caso
o outro queira compartilha-lo, a vantagem será maior ainda.
E o medo fica lá, no cantinho,
com ares de perplexidade pela dimensão que a vida ganha, tornando-se cada vez
menor frente à grandiosidade que todos nós somos. Quem sabe um dia, quase como
um milagre inesperado, ele desaparece e notamos que o maior medo, mesmo, era em
ser feliz.
hahahah! que perfeição!!! Exatamente a definição do "eu me sinto assim". O medo que traz insegurança, que faz perder oportunidades, que te deixa "quietinho", deixando passar o melhor da vida... ah medo bobo de viver intensamente de um modo único, do seu próprio jeito! Perfeito, Beliza! Parabéns!!!! Que tenhamos coragem para viver sem medo! bjão!
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